Desde menina pequena, montar o presépio na época do natal, trazia uma emoção misturada com a história do menino Jesus e a religiosidade com as miniaturas que pareciam brinquedos. Nosso presépio era rico de figuras, umas compradas e outras construídas pelo meu pai ou pelo meu irmão mais velho. Eram de madeira, argila e algumas até se mexiam quando ligadas na tomada. Tudo era muito bem preparado embaixo do grande pinheiro e sobre estopas, terra, areia e “barba de velho” ou “barba de pau” (aquela planta que cresce em grandes árvores).

Até hoje, quando preparo o presépio em casa, volta à minha mente as imagens desse momento onde a família toda estava mobilizada em preparar a casa para a chegada do bom velhinho. À meia noite, ajoelhávamos diante do presépio para então agradecer ao menino Jesus, deitado sobre a manjedoura com palhas, pelos presentes recebidos. Também eram feitos agradecimentos pela família reunida e a mesa repleta de alimentos. Era um gesto tão singelo, carregado de generosidade e humildade diante de tão significativa data.
Demorei muitos anos para saber que foi São Francisco de Assis que recriou a cena do nascimento do Cristo, no século XIII. Conta-se que ele quis representar com figuras humanas que viviam na região e foi um momento muito emocionante que a partir daí as pessoas começaram a fazer pequenas estátuas para lembrar esse momento de cristandade.
No presépio sempre estão simbolizados vários personagens e animais diante do divino: Maria, José, os Reis Magos, o próprio Cristo menino. Segundo o Evangelho de São Lucas 2, 7: “Maria deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.”
Fiquei maravilhada, quando estive em algumas cidades da Itália na época do Natal e rememorei momentos muito emocionantes de lembranças de infância, vendo as muitas miniaturas que são vendidas em feiras e lojas para enfeitar o presépio, além das imagens “obrigatórias” como os pais de Jesus, os pastores com as ovelhas, a estrela, o anjo e animais que vivem em estábulo. Os presépios são tão ricos em detalhes que as famílias a cada ano aumentam a cena com novas estátuas. É impressionante a paixão por presépios, na Itália!
Agora, minhas lembranças de menina, juntam-se com as imagens que gravei na memória e nas fotografias, desse amor aos presépios e à grande devoção pelo Filho de Deus. Feliz Natal!